Os
caminhos e as mudanças na moda
by
Ericka Vanessa (Blogueira Ká Rodrigues Alves)
Vamos
fazer uma viagem no tempo.....
Anos 1980
Mulheres: a era do culto ao corpo trouxe
Madonna como um dos maiores símbolos. Por isso, cores e extravagâncias estavam
liberadas, com muita estampa, calças leggings, tops e cabelos armados.
Homens: já o ideal masculino passou a ser o da elegância, com cabelos
bem curtinhos e barba feita. O homem perfeito tinha que passar a impressão de
ser sério e bem-sucedido, além de confiante e ambicioso.
Homens: já o ideal masculino passou a ser o da elegância, com cabelos
bem curtinhos e barba feita. O homem perfeito tinha que passar a impressão de
ser sério e bem-sucedido, além de confiante e ambicioso.
Homens: o glamour da década anterior deu vez ao grunge, com roupas
largas, cabelos longos e bagunçados e um estilo mais desleixado.
Anos 2000
Mulheres: o estilo femme fattale de Angelina Jolie passou a ficar mais
em alta, com lábios carnudos, corpo atlético, olhos graúdos e grandes maçãs do
rosto.
Homens: a vaidade masculina nunca esteve tão em alta, com o estilo
bagunçado sendo trocado por cada vez mais cuidados em roupas e estética.
Cabelos curtos e barbas feitas eram primordiais.
Depois da revolução feminista nos anos 60 e 70, as mulheres dos anos
80 começaram a se sentir mais empoderadas, livres e poderosas. A
moda e o estilo de vida da pessoas há alguns anos atrás era tudo natural,
beleza da mulher brasileira era ter curvas, lindo corpo, seios pequenos, enfim
a preferencia era pessoal, nada de silicone nem procedimentos cirúrgicos, por
exemplo Marilyn Monroe marcou os anos 50
com suas curvas e coxas generosas,a era do culto ao corpo trouxe Madonna
como um dos maiores símbolos nos anos 80, com isso, cores e
extravagâncias estavam liberadas, com muita estampa, calças leggings, tops e
cabelos armados.
O mundo da moda ganha irreverencia e um tipo de beleza bem diferente
com a lindíssima modelo Gisele Bündchen, foi no dia 14 de novembro
de 2002, o mundo da moda encarou uma situação, até então,
ímpar, que chamou muita atenção na época e até mesmo mudou a visão sobre a moda
de algumas pessoas.
Mas a magreza sempre esteve em moda, segundo especialistas, desde os
anos 90, quando começou o 'heroin chic' [estética da magreza extrema, associada
ao uso de heroína ou outras drogas], o corpo muito magro nunca deixou de ser a maior
referência", afirma a analista de tendências.
Quando a pauta é o universo da moda, qual é a primeira imagem que vem à
cabeça? Possivelmente, mulheres altas desfilando em uma passarela, assim como
peças feitas exclusivamente para corpos que se encaixam em padrões antigos de
beleza. Se tais impressões perduram décadas, o motivo não é à toa. Assim como
em um passado recente, celebridades têm aparecido com quilos a menos e ossos
mais marcados, reforçando o biotipo como sinônimo de beleza e estilo.
“Existe só um corpo na moda?
A
resposta para a pergunta deveria ser não. Contudo, historicamente, a indústria
fashion supervaloriza o magro e ignora as pessoas “reais”. Por outro lado, nos
últimos anos, houve uma sensação de mudança. Além de ampliar a grade
de tamanho das peças, várias marcas passaram a contratar modelos gordas”.
Fonte : Metropolés
“No entanto, o que se notou nas
últimas semanas de moda internacionais, como a outono/inverno 2023, foi um retrocesso em termos de
representatividade nas passarelas. Da abertura em Nova York (Estados Unidos), passando por Londres (Inglaterra) e Milão (Itália), até o encerramento em Paris
(França), é possível contar nos dedos as modelos com curvas que foram
convidadas a desfilar.”
Na era do cancelamento, tal fator
não deve ser encarado como um combustível para criticar a marca X ou Y, mas
questionar o setor como um todo. Por que as etiquetas persistem em mostrar
peças em corpos que não correspondem à realidade de grande parte das pessoas? E
mais: o que os estilistas têm feito para mudar esse cenário que mais exclui do
que inclui?
Quando o debate por
representatividade e inclusão penetrou o mercado de moda, foi notório que
moldes como o da Victoria’s Secrets, que contava apenas com modelos magérrimas,
se tornaram obsoletos. Inclusive, o Victoria’s
Secret Fashion Show, que estava cancelado desde 2019, voltará a ser
realizado em 2023. Após inúmeras polêmicas e recusas a incluir modelos gordas e
trans, a etiqueta gera expectativa por um novo posicionamento.
Em comparação com o cenário
global, as marcas brasileiras se diferem. Na principal semana de moda da
América Latina, o São Paulo Fashion Week, o que tem se visto nas passarelas é um show
de diversidade, inclusão e subversão. As marcas que integram a programação têm
levado pessoas reais para as representarem; com marcas e cicatrizes, curvas e
cores, livres de rótulos de gênero.
Depois de décadas se inspirando no
modelo dito como tradicional, os criadores de moda apostam cada vez mais em uma
narrativa autoral: enquanto as roupas exaltam a brasilidade, as passarelas
retratam os brasileiros. Não somente: as apresentações mesclam modelos
profissionais com produtores de conteúdo de moda, personalidades que mantêm uma
relação próxima com as etiquetas e que de alguma maneira ilustram o estilo
proposto por elas.
Magreza como tendência
A edição mais recente da revista New York, lançada
em 27 de fevereiro, trazia uma clara crítica estampada. Com o temo “bon appetit”
(bom apetite, na tradução do francês) escrita no título, a capa trazia a
ilustração de um garfo com uma seringa. “Muitas pessoas (e metade de Hollywood)
estão de repente mais magras, e mudaram suas antigas dietas para uma dose do
medicamento para diabetes Ozempic”, informou o subtítulo.
O alerta veio no momento propício,
para não dizer preventivo. No últimos anos, a massa descobriu que, para além do
tratamento de doenças, a semaglutida é um atalho para a perda de peso acelerada. Com isso, pessoas passaram a
fazer o uso indiscriminado do remédio que pode, inclusive, ser comprado sem
receita.
No Oscar 2023,
realizado em 12 de março, o apresentador Jimmy Kimmel arrancou
gargalhadas da plateia ao fazer piada sobre o uso do medicamento por celebridades de Hollywood. “Todo mundo parece tão bonito.
Quando olho em volta desta sala, não posso deixar de me perguntar: ‘Ozempic é
certo para mim’?’”, provocou.
Meses antes, quando a atriz Kim Kardashian surgiu
com alguns quilos a menos em uma entrevista a um programa de TV, a internet
logo reagiu. Enquanto alguns criticaram a nova aparência, outros questionaram
os métodos para alcançar tal resultado, como se estivessem dispostos a seguir
os passos dela caso fosse viável. A empresária não admitiu que fez uso da
substância. Ela também se envolveu na polêmica de ter emagrecido para
usar vestido de Marilyn Monroe no Met Gala 2022.
É quase impossível ignorar a
situação sem guiá-la para um questionamento: em um momento em que pautas como body positive estão
em voga, quando “tendências” tão retrógradas retomaram espaço?
A forma pode até ter mudado, mas a
magreza é algo que sempre esteve na “moda” no universo fashion. Na década de
1990, o termo heroin chic (heroína chique, tradução livre) foi dado
para classificar a estética magérrima, de olheiras profundas e ossos aparentes
ostentada por modelos da década. De maneira destacada, Kate Moss virou
o rosto dessa aparência.
A estética exalta corpos esbeltos,
olheiras mais profundas e ossos do rosto e do colo bem marcados. No entanto, é
preocupante que essa aparência que faz apologia ao uso de drogas ilícitas para
emagrecer tem sido desejada pelas gerações mais jovens. No TikTok, a hashtag
“Heroine Chic” tem mais de 2 milhões de visualizações.
“Fazer de um tipo físico uma
tendência de comportamento e estilo de vida é prejudicial à saúde. Como uma
forma de se sentirem inseridas na sociedade, as pessoas são capazes de buscarem
os mais diversos métodos para atingir os seus objetivos, que podem colocar a
saúde em risco e predispor a um distúrbio alimentar”, apontou a psicóloga Ana
Gabriela Andriani em comunicado.
Para ela, o equilíbrio é a
palavra-chave quando se trata do corpo e par ficar claro de uma vez por todas:
magreza não é sinal de saúde. “Mudar o corpo por conta de uma tendência na qual
a mídia impõe é um descuido consigo mesmo. Brincar com a alimentação, ingerir
medicamentos duvidosos e dietas malucas podem ocasionar problemas gravíssimos”,
alertou.
A moda é um reflexo
comportamental. E, como uma equação física, as ações geram reações. Ao trazer à
tona visuais que reforçam padrões de imagem, como as minissaias e
a temida cintura baixa, por exemplo, alguns “demônios” escondidos
também foram retirados do armário e impulsionados pela estética Y2K,
que resgata estéticas do começo dos anos 2000.
A questão se estende às
passarelas. Ao mostrar que apenas pessoas magras merecem destaque, discursos
excludentes são fomentados. Novamente, não se trata de A ou Z. É necessário que
os regentes do setor passem a calcular com mais atenção os impactos do que vem
sendo proposto por eles.
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