terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Bárbara Evans, a novata do ano

[Ensaio VIP] Bárbara Evans, a novata do ano

Acostumada às câmeras desde que nasceu, agora a ex-modelo se reinventa como atriz. E vira a nova aposta da TV Globo



Ainda mamava no peito da mãe na primeira vez em que estampou uma capa de revista, a finada Manchete – antes disso, já era notícia por ser o “bebê de proveta” de Monique Evans. A notoriedade desde sempre não a livrou, no entanto, de crescer tímida, corando ao receber elogios e sem saber ao certo como retribuí-los.

Nem da introspecção, que a obrigava a sentar-se no fundo da sala de aula para não ser notada e fingir estados febris quando sua participação era requisitada. Agora, porém, Bárbara Evans está pronta para sair definitivamente do casulo. Não é fácil ser filha de Monique, ícone feminino – e feminista – dos anos 80 e 90. Seguindo os passos dela, Bárbara também iniciou a carreira como modelo. Perdeu a conta de quantas vezes foi destaque de publicações impressas, de revistas a catálogos de moda. Mas foi num reality show, A Fazenda, da Record, que ela começou a sair da sombra.
Bárbara venceu a sexta edição, em 2013, e, além dos 2 milhões de reais na conta, ganhou fama, até então exclusividade da mãe. “Para mim aquilo foi assustador. Não tinha noção. Quando saí de lá, as pessoas me paravam em todos os lugares para pedir fotos. Até tinha uma ideia de como era ser famosa por causa da minha mãe. Mas isso era dela. Levei um susto grande quando chegou a minha vez”, conta.
Quem mais se surpreendeu com a metamorfose desse início de protagonismo foi a própria Monique. “Eu sempre a via como a menina frágil que precisava de mim. Mas isso mudou totalmente quando ela entrou no programa. Ao assisti-la ali, dizia: `Meu Deus! Essa é a minha filha mesmo?. Fiquei orgulhosa quando vi que ela cresceu, amadureceu e não era mais o meu bebê”, diz a apresentadora.
Filha de Monique com o empresário carioca José de Mendonça Clark, a geminiana de 1,67 metro de altura decidiu, ainda adolescente, entrar em um curso de teatro para vencer a timidez paralisante. Frequentou a renomada Casa de Cultura Laura Alvim, instalada a poucos metros de onde passou toda sua infância dourada, no bairro de Ipanema.
“Na verdade, fiz o curso de teatro para perder a vergonha”, conta Bárbara. “Nem pensava em ser atriz. Mas, se quisesse seguir a carreira de modelo, que era minha ideia na época, eu precisaria ao menos me comunicar com as pessoas. Antes dos 20 anos, eu tinha até dificuldade para falar”, afirma.

Por mais inverossímil que possa soar, Monique Evans garante que sofria do mesmo problema que a filha. Nos anos 80, a apresentadora e hoje namorada da DJ Cacá Werneck era uma das mulheres mais desinibidas e cobiçadas do hemisfério. Como modelo, desfilou para as principais marcas da época. Foi capa mais de 50 vezes das principais publicações masculinas e de variedades do país.
Mas só garantiu mesmo seu lugar no hall das megacelebridades em 1984, quando inaugurou a era das rainhas de bateria das escolas de samba do Rio de Janeiro. Por anos, requebrou os quadris à frente dos ritmistas da Mocidade Independente de Padre Miguel, “a mais quente do Rio”, segundo a diva Elza Soares. Ainda passou por São Clemente e Estácio de Sá.
“Quando conto isso, ninguém acredita. Morria de medo e de vergonha de entrar numa passarela ou na avenida. Para enfrentar isso, criei uma personagem de mim mesma. E era com ela que eu conseguia vencer meu pânico de aparecer”, diz Monique.
Foi essa outra Monique que encarou um dos maiores desafios de sua carreira. No auge da fama e da beleza, foi chamada pelo diretor cult Walter Hugo Khouri para encenar uma garota de programa no filme Eu (1986). A produção ficou famosa por uma cena de sexo com o então maior galã da TV brasileira, Tarcísio Meira.

Sem o preparo cênico suficiente para a empreitada, Monique pediu a Khouri para que a tomada fosse feita em plano sequência e de uma única vez. Agora, quase três décadas depois, viu a filha viver situação semelhante nas telas – com o Tarcísio Meira do século 21, Cauã Reymond.
Bárbara também não tinha nenhuma experiência como atriz à frente das câmeras quando foi chamada para fazer uma das protagonistas de Dois Irmãos, baseada no livro do escritor Milton Hatoum, com adaptação de Maria Camargo. O convite veio do diretor artístico Luiz Fernando Carvalho, famoso por ter levado à tela produções de esmero como a novela Velho Chico.  Bárbara viveu a personagem Lívia, uma francesa disputada pelos gêmeos possessivos Omar e Yaqub, na fase adulta interpretados por Cauã Reymond.
“Adoro trabalhar com pessoas que não são só atores, mas artistas”, diz o diretor. “E Dois Irmãos tem essa personagem, a Lívia, que possui uma veia transgressora, fora da curva, no sentido de representar um feminino mais maldito e ao mesmo tempo cobiçado e sedutor. Ela é bela e venenosa. Percebi que poderia trabalhar esses elementos com a Bárbara Evans. Achei que ela também poderia observá-los, e tomar consciência deles a ponto de depois poder escolher se quer continuar com a carreira de atriz ou fazer disso uma catarse única.”

Bárbara conta que todos do elenco e, em especial, o diretor foram muito generosos e compreensivos. “Eles tiveram muita paciência comigo. Não é fácil você chegar a um ambiente em que só há atores e atrizes maravilhosos que trabalham juntos há anos. Sempre ouvi dizer que o Luiz Fernando era muito rígido e exigente. Mas ele me deu muito suporte e apoio, me instigou a fazer coisas que eu não imaginava ser capaz. E deu tudo muito certo.”
Entre elas estão as cenas de sexo com Cauã, as primeiras do gênero que fez na vida. Apesar de certa ansiedade e nervosismo, Bárbara afirma que tanto o ator quanto o diretor a deixaram bem à vontade e a gravação transcorreu de forma “mais tranquila do que imaginava”.
Pouco após o término das filmagens, ao ser flagrada saindo do carro do ator, surgiu um boato de que os dois teriam tido um affair. Bárbara negou e disse que só pegou uma carona. Ele sequer se manifestou.

Sozinha hoje, a loira confessa ser namoradeira. Seu cardápio de ex é rico e variado. Nele se encontram famosos como o ator Kayky Brito, os jogadores de futebol Patrick Cruz e Paolo Guerrero, e, o mais ruidoso deles, o DJ, modelo e seu ex-par na Fazenda Mateus Verdelho. O sujeito era detestado pela mãe, que não o perdoava nas redes sociais.
O último romance foi com o empresário Antonio Villarejo. Chegaram até falar em casamento. Bárbara, porém, terminou o relacionamento alegando incompatibilidade de temperamentos. “Minhas amigas brincam comigo porque não sou de sofrer quando termino um namoro. Nunca voltei com um ex. Quando acaba, acaba. Não me permito sofrer por amor. Sofro dois dias e tchau. Vida que segue.”

Agora, todas as atenções da novata estão voltadas para a avaliação e repercussão do seu primeiro trabalho televisivo. Ela já avisa que não vai parar por aí. Ao contrário da mãe, Bárbara pretende se jogar no novo ofício. “Para tudo dar certo na vida, a gente precisa estar feliz com o trabalho. E eu senti muito prazer em Dois Irmãos. Fiquei feliz com a minha atuação.” Enquanto aguarda pelas críticas e opiniões, quer seguir a carreira de modelo, terreno em que a mãe reinou por mais de uma década. Outra paixão, a odontologia, fica para depois.
Ela conta que Monique foi, é e sempre será sua inspiração. “Ela sempre vai ser uma estrela muito maior e superior, então nunca vou conseguir me comparar”, diz. Quando tinha a mesma idade da filha, Monique ainda era uma modelo conhecida apenas nas passarelas, revistas de moda e na noite carioca. O boom da Sapucaí e as cenas quentes com Tarcísio Meira ainda estavam por vir. Com Bárbara pode ser diferente. O sucesso deve estar perto. Em 2017.
Fotos: Jorge Bispo




Nenhum comentário:

Postagens