Sustentabilidade é tema recorrente, portanto, indústria e comércio deveriam – em tese – ser os setores mais interessados no debate, pois suas ações impactam diretamente na natureza. No entanto, a prática polêmica da Burberry demonstra mais preocupação com o status do que com o meio ambiente.
A grife britânica – uma das mais bem-sucedidas do momento – queimou as sobras de estoque das coleções passadas: peças que estavam em perfeito estado. Em 2017, destruiu o equivalente a R$ 141 milhões em artigos de luxo. Nos últimos cinco anos, o montante do desperdício chega a quase R$ 450 milhões. A ideia seria “proteger a marca”.
Vem comigo entender o caso!
A grife defende que incinerar os produtos “antigos” (roupas, perfumes, calçados, entre outros) evitaria a comercialização das peças em promoção, pratica capaz de retirar valor de mercado. Outro argumento utilizado é impedir cópias piratas dos itens.
Segundo a Burberry, o procedimento da queima geraria energia sustentável. No entanto, a label parece não levar em consideração o grande desperdício de matéria-prima e trabalho humano.
O absurdo é mais comum do que se tem ideia: gigantes da indústria precisam descartar o excesso de estoque de alguma forma. A fast fashion sueca H&M já declarou queimar apenas roupas contaminadas por fungos, bactérias e chumbo. Testes de laboratório são feitos para indicar se o uso delas pode ou não causar danos à saúde dos consumidores.
Reutilizar roupas, aproveitar tecidos descartados e reformar peças são alternativas em busca de uma moda sustentável. O designer Dapper Dan ficou conhecido em Nova York, nos anos 1980, por customizar peças de grifes – ele chegou a ser processado por isso. Essa é uma boa solução para dar uma nova cara a coleções que já saíram de linha. Pelo visto, é justamente o que a Burberry quer evitar.
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