terça-feira, 8 de dezembro de 2020

A história do Tênis



Os tênis têm uma história interessante. Nasceram, basicamente, para a prática de esportes. Antes mesmo de tomarem a forma que se conhece atualmente, alguns marcos históricos foram importantes na trajetória desta peça.

O primeiro deles remonta à Grécia Antiga, quando os atletas dos Jogos Olímpicos pararam de andar descalços e passaram a usar sandálias de couro, para proteger os pés e garantir uma melhor tração com o solo. Isso ocorreu em meados de 776 a.C. e 393 d.C.
Nos Jogos Olímpicos da Grécia Antiga, os competidores corriam descalços até começarem a usar sandálias de couro
SÉCULO 19
Os primeiros antepassados de tênis surgiram no século 19, já voltados para a prática de corrida, na Grã-Bretanha, totalmente confeccionados em couro. As solas de borracha chegaram somente na década de 1830, uma invenção criada e patenteada pelo nova-iorquino Wait Webster. Naquele período, ele foi responsável por desenvolver uma espécie de bota de couro com solado de borracha acoplado, algo parecido com o que fez John Boyd Dunlop, da empresa Liverpool Rubber Company.
Dunlop, por sua vez, criou e lançou calçados confeccionados com cabedal de lona e solado de borracha, batizados de plimsolls, nome que faz referência às marcações dos navios mercantes. A princípio, eram usados como sapatos de praia, mas se tornaram comuns em algumas práticas esportivas até o início do século 20.
Na metade do século 19, a borracha vulcanizada entrou em ação, voltada para a fabricação de pneus. A invenção, de 1839, foi do químico americano Charles Goodyear. Quando aquecida e misturada ao enxofre, a borracha acabava se tornando flexível, impermeável e não mudava de rigidez. No entanto, o primeiro calçado de lona utilizando a tecnologia foi lançado somente em 1892. Vale destacar que os fabricantes de pneus foram os grandes responsáveis por produzir tênis, em vez dos sapateiros.
Os primeiros calçados atléticos mais próximos da forma que são conhecidos atualmente foram lançados pela Reebok (que se chamava Bolton), em 1852. A marca utilizou spikes no solado para facilitar a prática dos exercícios de running. Devido ao alto preço, os tênis eram produtos da categoria de luxo naquele período.
EM 1917, O ALL STAR CHEGA AO MERCADO
Já no começo do século 20, em 1916, a marca Keds, da US Rubber Company, lançou um modelo com solas grossas de borracha, lona e cadarços. No ano seguinte, um dos tênis mais queridos até hoje foi introduzido pela Converse: o All Star. Criado para a prática de ginástica, o calçado caiu no gosto dos jogadores de basquete.
O nome Chuck Taylor, pelo qual o calçado também é conhecido hoje, é uma referência ao jogador e treinador que viajou pelos Estados Unidos para promovê-lo, em 1921. Ele também ajudou a Converse a tornar o modelo mais confortável para uso nas quadras. No intuito de firmar de vez a popularidade desse modelo, todo o time dos EUA o adotou como calçado oficial nos Jogos Olímpicos de Berlim, de 1936.
Naquele período, os tênis também foram adotados para a prática do boxe, esporte bem popular nos anos 1920. Os modelos da Goodyear passaram a ser considerados ideais para os tenistas.
1920-1940: PUMA, ADIDAS E ASICS
Dois irmãos alemães entraram na jogada nos anos 1920: Adolf e Rudolf Dassler. Surpreendentemente, as peças de borracha criadas por eles, que atraíram vários atletas, começaram a ser fabricadas na lavanderia da mãe. O competidor mais célebre a usar os calçados dos irmãos foi o corredor olímpico Jesse Owens, que levou quatro medalhas de ouro nas Olimpíadas de 1936.
Apesar do sucesso, a parceria entre os irmãos foi desfeita após um desentendimento em 1948, quando Rudolf lançou a Puma (1948) e Adolf, a Adidas (1949); uma junção do apelido “Adi” com as três primeiras letras do sobrenome Dassler. As etiquetas se tornaram rivais.
Ao fim da década de 1940, no Japão, nascia outra etiqueta dedicada ao basquete: a Asics, lançada por Kihachiro Onitsuka. O nome da marca é, na verdade, a sigla da expressão do latim “Anima Sana In Corpore Sano”, que significa “mente sã, corpo são”.
No período pós-guerra, os sneakers se tornaram mais democráticos, pois a demanda aumentou quando as pessoas passaram a se importar mais com o condicionamento físico e a praticar mais exercícios. Se os tênis simbolizavam produtos de luxo na era vitoriana, aqui já não eram mais.
POPULARIDADE NOS ANOS 1950
À medida que os modelos com borracha e lona se popularizaram, a Keds já atraía estrelas de cinema, enquanto outras empresas lançavam suas próprias versões. Nos anos 1950, a marca passou a ter como público-alvo, também, as famílias comuns.
A praticidade e o conforto dos sneakers, excepcionalmente os All Stars Chuck Taylor, tornaram a peça bem presente no visual das crianças desse período. Para alguns jovens, simbolizavam um quê de rebeldia. Porém, ainda levou alguns anos para os tênis adentrarem no cotidiano das pessoas em geral.
1960’S: NEW BALANCE E NIKE
Nos anos 1960, a New Balance inovou com o primeiro par de tênis cientificamente testado, com comprovação dos efeitos na performance. Já a Nike, que começou como uma empresa de distribuição da Asics nos EUA, passou a produzir seus próprios calçados, a partir de 1964.
A ideia surgiu quando os fundadores, Phil Knight e Bill Bowerman, aproveitaram o café da manhã para fazer um experimento: derramar borracha em cima de uma forma de waffle. Ali, as “waffle soles” foram concebidas. Um estudante da Universidade de Oregon criou o logotipo “swoosh”, enquanto o novo nome da empresa foi inspirada na deusa grega Nice (Nike, em inglês).
A marca Vans, querida pelos skatistas, chegou ao mercado em 1966. O período também marcou a chegada do Adidas Superstar, um dos modelos mais icônicos de tênis, lançado em 1969. O tenista Stan Smith inspirou o nome de um dos modelos mais icônicos da Adidas, da década de 1960, mas rebatizado com seu nome em 1973.
ANOS 1970 E OS TÊNIS DA MODA
A partir de 1972, com o lançamento do modelo Cortez, a Nike conquistou clientes que usavam tênis não só pelos esportes, mas também pelo conforto. O modelo se destacava pelo solado ondulado com uma faixa na cor azul e detalhes vermelhos no cabedal.
Nesse período, os sneakers já estavam começando a se tornar uma peça de moda. Imagens da atriz Farrah Fawcett usando um par do Nike Cortez na série As Panteras (1976-1981) ficaram eternizadas na cultura pop.
O salto dos tênis ganhou um tamanho maior no fim daquela década, assim como a parte que apoia o tornozelo, que se tornou mais reforçada. A marca queridinha dos corredores nesse período era a Adidas.
1980’S, AIR JORDANS E A CULTURA SNEAKER
Considerado um marco na cultura sneaker, o então jogador de basquete Michael Jordan firmou parceria com a Nike em 1984, com a criação de sua própria linha de tênis. O primeiro lançamento, Air Jordan 1, chegou às lojas em 1985 e vendeu milhões de dólares só no primeiro ano. A partir dali, o atleta, que ainda era um novato, viu sua linha se transformar em objeto de desejo absoluto.
A parceria fortaleceu ainda mais a relação que já existia entre esportistas renomados e os tênis. Antes mesmo de Jordan, o também jogador de basquete Magic Johnson já era um grande parceiro da Converse. A Nike se tornou uma empresa bilionária nos anos 1980, graças à linha Air Jordan e também o sucesso dos Air Max. Naquele período, a Reebok lançou uma linha exclusiva para mulheres, batizada de Freestyle.
Os rappers e astros do hip hop popularizaram ainda mais a cultura dos sneakers. Em 1986, o grupo Run-DMC chegou a ganhar um contrato de endosso após o sucesso da música My Adidas. Também foi nos Eighties que a primeira marca de luxo se aventurou no universo dos tênis. Em 1984, a Gucci lançou o Gucci Tennis, na cor branca. O setor já estava de olho em um produto que seria unânime futuramente.
Nesse período, a cultura dos tênis também passou a ser marcada pela violência. Em várias ocasiões, pessoas foram violentamente assaltadas por causa dos calçados; algumas chegaram a ser assassinadas. Em alguns dias de lançamento de modelos cobiçados, por exemplo, houve brigas na fila das lojas.
1990’S
Na década de 1990, os sneakers ficaram cada vez maiores. Foi a vez da Prada abraçá-los com o lançamento do modelo de alto padrão PS 0906, em 1996, que elevou o patamar dos tênis de luxo e lançou a tendência entre as marcas do setor.
Até a chegada dos anos 2000, os modelos de calçados eram chunky, no estilo dos ugly sneakers que invadiram as passarelas há algumas temporadas. Os modelos com solado plataforma também estavam em alta e eram usados por personalidades como as Spice Girls e Britney Spears.
ANOS 2000 ATÉ OS DIAS ATUAIS
Com os tênis já enraizados no cotidiano das pessoas, chegou a vez de astros como Kanye West lançarem suas próprias linhas, à medida que grandes marcas do segmento de luxo também firmaram parcerias. As colaborações da Adidas com Jeremy Scott e Yohji Yamamoto, em 2002, foram as primeiras a abrirem esse universo das collabs. Em 2003, Jay-Z firmou uma colaboração com a Reebok.
Antes da parceria com a Adidas, em 2015, Kanye West lançou tênis em colaboração com a Louis Vuitton (2009) e a Nike. Hoje, ele comanda a etiqueta Yeezy, produzida e distribuída pela fabricante alemã, com lançamentos cobiçados e extremamente hypados. As grandes colaborações da moda, desde então, só deslancharam. De 2019 até aqui, a Prada colaborou com a Adidas, enquanto a Dior assinou um modelo exclusivo do famoso Air Jordan 1.
MODELOS VARIADOS
Atualmente, existem tênis para todos os gostos, possibilitando inúmeras possibilidades para o guarda-roupa feminino e masculino. Além disso, não há sinais de que a cultura dos sneakerheads, como são chamados os fãs de tênis, vai acabar tão cedo. Segundo artigo da Vogue Paris, existe uma projeção de 2018 indicando que esse mercado atingirá US$ 95,14 bilhões até o ano de 2025.
Uma das teorias sobre a palavra “sneaker”, que vem do inglês, é que usava-se “sneak” para se referir à classe mais pobre dos EUA de forma pejorativa como ladrões ou suspeitos quando os calçados de solado de borracha se popularizaram por lá. Estes eram mais baratos que as opções de couro. Há também quem diga que o motivo foi o solado silencioso, que permitia se “esgueirar” (to sneak up, em inglês). Ou seja, sair silenciosamente de perto de alguém.




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